sábado, 26 de janeiro de 2008

Tenham todos um bom Domingo!...



MULHER QUE PASSA
Vinícius de Moraes

Meu Deus, eu quero a mulher que passa.
Seu dorso frio é um campo de lírios
Tem sete cores nos seus cabelos
Sete esperanças na boca fresca!

Oh! Como és linda, mulher que passas
Que me sacias e suplicias
Dentro das noites, dentro dos dias!

Teus sentimentos são poesia
Teus sofrimentos, melancolia.
Teus pêlos são relva boa
Fresca e macia.
Teus belos braços são cisnes mansos
Longe das vozes da ventania.

Meu Deus, eu quero a mulher que passa!

Como te adoro, mulher que passas
Que vens e passas, que me sacias
Dentro das noites, dentro dos dias!
Por que me faltas, se te procuro?
Por que me odeias quando te juro
Que te perdia se me encontravas
E me encontravas se te perdias?

Por que não voltas, mulher que passas?
Por que não enches a minha vida?
Por que não voltas, mulher querida
Sempre perdida, nunca encontrada?
Por que não voltas à minha vida
Para o que sofro não ser desgraça?

Meu Deus, eu quero a mulher que passa!
Eu quero-a agora, sem mais demora
A minha amada mulher que passa!

No santo nome do teu martírio
Do teu martírio que nunca cessa
Meu Deus, eu quero, quero depressa
A minha amada mulher que passa!

Que fica e passa, que pacifica
Que é tanto pura como devassa
Que bóia leve como cortiça
E tem raízes como a fumaça.

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados,
Para chorar e fazer chorar,
Para enterrar os nossos mortos -
Por isso temos braços longos para os adeuses,
Mãos para colher o que foi dado,
Dedos para cavar a terra.
Assim será a nossa vida;
Uma tarde sempre a esquecer,
Uma estrela a se apagar na treva,
Um caminho entre dois túmulos -
Por isso precisamos velar,
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito que dizer:
Uma canção sobre um berço,
Um verso, talvez, de amor,
Uma prece por quem se vai -
Mas que essa hora não esqueça
E que por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre,
Para a participação da poesia,
Para ver a face da morte -
De repente, nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte apenas
Nascemos, imensamente.



Sol Hoffmann

3 comentários:

Sol Hoffmann disse...

(`'•.¸(`'•.¸ ¸.•'´) ¸.•'´)
« Milhões de beijos!!! pra todas vocês »
(¸.•'´(¸.•'´ `'•.¸)`' •.¸)
Sol.

Anônimo disse...

SOL!

Tenho estado sem tempo para vir matar a saudade! Hoje postei algo, e fugi do pouco tempo para vir te ver, me deliciei com o texto, e deixo meu beijo para você amiga!

ana maria

Anônimo disse...

Olá, passando
(____/)
(=^.^=)para desejar
(`)___(`)
uma boa semana de paz ...
(`'•.¸(`'•.¸ ¸.•'´) ¸.•'´)
« Beijinhos »
(¸.•'´(¸.•'´ `'•.¸)`' •.¸)
¸.•´
( `•.¸
`•.¸ )
¸.•)´Sol Hoffmann